O grupo

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Resumo do projeto: Um pássaro na mão ou O que é que você tem aí?




O projeto "Um pássaro na mão ou O que é que você tem aí?" consiste numa pesquisa sobre Quem são?, O que fazem? e Como se estruturam? os grupos de teatro (amadores e/ou  que estejam se encaminhando para a profissionalização) da nossa região: Zona Leste.
As questões foram levantadas a partir da vivência do grupo que mora, e faz teatro longe da região central. Dessa realidade ficam a experiência na utilização de equipamentos de cultura para ensaios e apresentações, acompanhado, no entanto, do mínimo de recursos para a execução do trabalho teatral. Mesmo passando muitas vezes por problemas, dificilmente os grupos da região formam parcerias.
Como artistas percebemos que a situação começou a "invadir" nosso imaginário e se fez urgente para o grupo uma organização simbólica que pudesse manifestar esteticamente nossas aflições.

Chegamos ao texto A Gaivota de Anton Tchekhov como provocador e norteador, decidimos desde Outubro de 2011 investigar a nós mesmos para entender a nossa trajetória como grupo.
Todos os integrantes do grupo são frutos do Projeto Vocacional, ou seja, uma política pública permitiu fazer com que jovens como nós conseguíssemos ter contato com o teatro e fazer dele nossa profissão. Hoje, como bolsistas, estamos em cursos superiores e escolas profissionalizantes para aprimorarmos aquilo que germinou com o Vocacional.
Porém, agora precisamos nos locomover ao centro. Região esta que, por muito tempo, era chamada aqui na periferia da Zona Leste de Cidade (por exemplo: ao invés de dizerem "Vou até o centro." diziam "Vou até a cidade.") A expressão parecia apontar para uma questão importante, como se estivéssemos tão distantes que não estaríamos dentro da cidade. Estamos ou estávamos num interior-periferia além das vistas, o entorno do entorno que não se vê.
Neste momento, surge a necessidade de investigarmos outros grupos, sobretudo os que se encontram nos territórios que fazem parte da realidade de todos os integrantes do grupo: eixo Zona Leste - Centro. Muitas vezes um eixo Moradia - Trabalho.

Perguntas para não se calar: Então aqui não se trabalha? Só se dorme em Guaianases, Aricanduva, Itaquera? Só há tédio rural na Zona Leste? ou como diria Arkádina, personagem de A Gaivota: É melhor ficar na cidade (centro), decorando texto fechado em algum quarto de hotel?

Não temos a pretensão de mapear todos os grupos existentes nessa região que é tão grande e que, por conseguinte deve ter tantos grupos. Mas sim de desterritorializar a nossa prática entrando em contato com outras práticas, outros problemas, outras soluções.
Este caminho se dará por meio de encontros com pelo menos dez grupos de teatro da Zona Leste, cada encontro terá como objetivo a criação de um livro entitulado O que é que você tem aí?, em que cada grupo tentará responder as três perguntas que fizemos acima: Quem são?, O que fazem? e Como se estruturam?.

Livros cheios de perguntas com o objetivo de estimular em nós e nos outros possíveis respostas, possíveis horizontes. Além de legitimar, de forma concreta, a existência e a experiência desses grupos.
Durante e após esse procedimento de encontro com os grupos, iremos recolher material cênico e audiovisual em diálogo com o texto de Anton Tchekhov, e que culminará na montagem e em apresentações de Um pássaro na mão em equipamentos de cultura e espaços-sede dos grupos que entraremos em contato.

Com os livros confeccionados pelos grupos temos o objetivo de preparar uma publicação intitulada O que é que você tem aí? - Seis grupos de teatro num interior-periferia além das vistas. Contendo relatos, retratos, auto-retratos, e textos reflexivos sobre o teatro dito periférico, que serão distribuídos gratuitamente em escolas de teatro, centros culturais, equipamentos de cultura, universidades e demais espaços que julgarmos úteis para a distribuição.
Essa atitude adquire um sentido político já que estaremos escrevendo um pouco da história daqueles que estão à margem das grandes casas de espetáculo e nem almejam estar.


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